sábado, 15 de janeiro de 2011

Anotações sobre um amor urbano..


Ah, me socorre que hoje não quero fechar a porta com esta fome na boca, beber um copo de leite, molhar plantas, jogar fora jornais, tirar o pó de livros, arrumar discos, olhar paredes, ligar desligar a TV, ouvir Mozart para não gritar e procurar teu cheiro outra vez no mais escondido do meu corpo, acender velas, saliva tua de ontem guardada na minha boca, trocar lençóis, fazer a cama, procurar a mancha de esperma nos lençóis usados, agora está feito e foda-se, nada vale a pena, puxar cobertas, cobrir a cabeça, tudo vale a pena se a alma, você sabe, mas a alma existe mesmo? E quem garante? E quem se importa? Apagar a luz e mergulhar de olhos fechados no quente fundo da curva do teu ombro, tanto frio, naufragar outra vez em tua boca, reinventar no escuro do teu corpo de moço homem apertado contra meu corpo de moço homem também, apalpar as virilhas, o pescoço, sem entender, sem conseguir chorar, abandonado, apavorado, mastigando maldições, dúbios indícios, sinistros augúrios, e amanhã não desisto. Te procuro em outro corpo, juro que um dia te encontro.

Não temos culpa. Tentei. Tentamos.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Fernanda Young




A verdade é que me enchi, De você, de nós, da nossa situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me tratando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial como aspartame.
Fico pensando como chegamos a esse ponto. Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores ou melhores que possam ser.
Assim, chega. Chega de brigas, de berros, de chutes nos móveis. Chega de climas, de choros, de silêncios abismais. Para quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar?
Sinceramente, abro mão. Vou atrás de um outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando.
Bom é isso, se agora isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem. Não se expurga um câncer sem matar células inocentes…”

Fernanda Young

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O amor, é o ridículo da vida. (Cazuza)


A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer NÃO dói.”

Caio F Abreu. Pequenas Epifanias

Tati Bernardi


Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos.

(Tati Bernardi)

Tati Bernardi





Nunca mais se viram,nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos.É fácil pq os dias passam rápidos d+,é difícil pq o sentimento fica

Tati Bernardi

(Texto com citações de Caio Fernando Abreu, Tati Bernardi, Carlos Drummond Andrade e Chico Buarque, pelo simples fato deles serem os únicos que falam do que do meu coração está cheio.)



Hoje eu acordei com uma saudade imensa e não sei o que fazer com ela, sabe aquela saudade de quem não sabe que eu sinto saudade? Então, essa é a verdade, eu sinto uma falta absurda de você. Mas também, como diz Caio Fernando Abreu, “Nunca tinha sido tão intenso, nem tão bonito. Nunca tinha tido um jeito assim, tão forever.” e para completar “Não, ela não era tola. Mas como quem não desiste de anjos, fadas, (...) e happy ends cinderelescos, ela queria acreditar.". E eu acreditei, acho que acreditei mais do que eu deveria, na verdade eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento, mas como não gostar de uma pessoa que é gentil, simpática e diz todas as coisas que deveria, o certo seria eu ter mantido os pés no chão, mas isso seria impossível, pois minhas vontades são bipolares demais, então, Tati Bernardi fez de minhas palavras nesse trecho de um de seus textos: “Minha vontade agora é sumir. Chamar você. Me esconder. Ir até a sua casa e te beijar e dizer que te amo e que você é importante demais na minha vida para eu te abandonar. Sacudir você e dizer que você é um otário porque está me perdendo dessa maneira. Minha vontade é esquecer você. Apagar você da minha vida. Lembrar de você a cada manhã. Pensar em você para dormir melhor. Então eu percebo: IT’S ME, e minhas vontades são bipolares demais.”. E eu confesso que não é exatamente a realidade que eu esperava encontrar, só que chega um ponto que a gente cansa, que não quer mais saber de aventuras ou de procuras, entende? Na verdade o que eu esperava era uma certeza, não só minha, mas de ambas as partes. Só que essa mania de esperar que as coisas sejam de tal forma, faz com que a gente se decepcione e sofra. Tá, mas se formos nos basear no que Carlos Drummond Andrade diz, o certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso. Eu pretendia dizer algo bem especial pra você, alguma coisa que fizesse você largar tudo e vir correndo me ver. Então, que tal não desistir agora? Que tal ter esperança? Estou contradizendo tudo o que eu disse no texto, mas é a bipolaridade que não me abandona, e já que pra Tati B. "Amor que é amor não para, não tem intervalo, atropela.", porque não deixar que ele passe com o caminhão por cima de mim logo? O amor desperta sorrisos, retira mágoas, quando verdadeiro e sincero, apaga o passado e reconstrói um futuro, e se eu pudesse, eu voltaria atrás e não mudaria o que eu sinto, eu continuaria escolhendo você, Sim, eu escolheria você. Se me dessem um último pedido, eu escolheria você. Se a vida acabasse hoje ou daqui mil anos, eu escolheria você… E como já dizia Carlos Drummond “O amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será.“. E no final eu me despeço com a música de Chico Buarque que diz “O amor não tem pressa, Ele pode esperar em silêncio.”.


(Texto com citações de Caio Fernando Abreu, Tati Bernardi, Carlos Drummond Andrade e Chico Buarque, pelo simples fato deles serem os únicos que falam do que do meu coração está cheio.)

A carta, por Caio F Abreu,


Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você.
Mais detardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira
assentada aos poucos e com mais força enquanto a noite avança.
Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes
que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais
forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o
pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse
quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam
e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro
entre os lençóis. Brilham, na palma da minha mão. Num deles, temuma borboleta de asa rasgada. Noutro, um barco confundido com alinha do horizonte, onde também tem uma ilha. Não, não: acho que ailha mora num caquinho só dela. Noutro, um punhal de jade. Coisasassim, algumas ferem, mesmo essas que são bonitas. Parecem filme,livro, quadro. Não doem porque não ameaçam. Nada que eu pensode você ameaça. Durmo cedo, nunca quebra. Daí penso coisas bobasquando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o diainteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, epenso demais em você. Quando não encontro lugar para sentar, oque é mais freqüente, e me deixava irritado, descobri um jeitoengraçado de, mesmo assim, continuar pensando em você. Meseguro naquela barra de ferro, olho através das janelas que, nessaposição, só deixam ver metade do corpo das pessoas pelas calçadas,e procuro nos pés daquelas aqueles que poderiam ser os seus. (A teus pés, lembro.). E fico tão embalado que chego a me curvar, certoque são mesmo os seus pés parados em alguma parada, algumaesquina. Nunca vejo você - seria, seriam? Boas e bobas, são ascoisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente aodobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto dementirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras.Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete,suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquerlugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta omeu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensandotanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos emseguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudorde parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais.Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, nãotem jeito, é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meupensamento, é frágil como a voz de Olívia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que VanGogh, mais Jarmush que Win Wenders, mais Cecília Meireles queNelson Rodrigues.Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvezando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso.No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um poucotolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou vocêdeita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que aterra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nempercebemos, no umbigo do universo. Você toca minha mão, eu tocona sua.Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigoolhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numaságuas verdes tão cristalinas que têm algas na superfície ressaltadascontra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei queé meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé noônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meucorpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você.Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quandopenso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminhomais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vez emquando até sorrio e fico passando a ponta domeu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundodo mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo.

The Cranberries

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ana Jácomo


"E se não quisermos, não pudermos, não soubermos,
com palavras, nos dizer um pouco um para o outro,
senta ao meu lado assim mesmo.
Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra
até nascer aquele sorriso bom que acontece
quando a vida da gente se sente olhada com amor.
Senta apenas ao meu lado
e deixa o meu silêncio conversar com o seu.
Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras."
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Ana Jácomo

Marilyn Monroe


"Eu acredito que nada acontece por acaso. As pessoas mudam para que você consiga deixá-las para lá. As coisas dão mal para você aprender a apreciá-las quando estão boas. E às vezes, coisas boas se separam para que coisas melhores ainda se juntem."


(Marilyn Monroe)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Caio F Abreu.


Ou me quer e vem, ou não me quer e não vem. Mas que me diga logo pra que eu possa desocupar o coração. Avisei que não dou mais nenhum sinal de vida. E não darei. Não é mais possível. Não vou me alimentar de ilusões. Prefiro reconhecer com o máximo de tranqüilidade possível que estou só do que ficar a mercê de visitas adiadas, encontros transferidos.



Caio Fernando Abreu

Eu..


“Eu nunca vou entender o que você quer, o que você gosta, o que você espera que eu faça. Eu nunca vou saber se é pra falar, se é para concordar, se é pra negar, se é pra te contradizer. Eu nunca vou entender suas intenções sobre nós dois. Eu nunca vou te entender. E isso talvez deve-se ao fato de você ser tão igual à mim.”

Caio F Abreu.

Caio F Abreu.

Caio F Abreu.


"Sabe, para mim a vida é um punhado de lantejoulas e purpurina que o vento sopra. Daqui a pouco vai ser tudo passado mesmo - deixa o vento soprar, let it be, fique pelo menos com o gostinho de ter brilhado um pouco..."

Caio F Abreu.



"Lembro dos sorrisos, das conversas, dos divãs, dor hormônios, de tudo… e me dá uma saudade irracional de você. Uma vontade de chegar perto, de só chegar perto, te olhar sem dizer nada, talvez recitar livros, quem sabe só olhar estrelas… dizer que te considero. E muito."

Caio F Abreu.


“Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio”

- Caio Fernando Abreu in: Pequenas Epifanias -

Caio F Abreu.


Ah, a grande náusea desses jeitos errados que os homens inventaram para distrair-se da medonha idéia insuportável de que vão morrer, de que Deus talvez não exista, de que procura-se o amor da mesma forma que Aguirre procurava o Eldorado: inutilmente. (Divagações na Boca de Urna. In: Pequenas Epifanias)